A pornografia é um fenómeno global que cresceu exponencialmente no último século. Com a disseminação da internet, tornou-se ainda mais acessível, e hoje em dia um simples clique é suficiente para ter acesso a uma vasta oferta de vídeos, imagens e outros conteúdos sexuais explícitos. No entanto, enquanto muitos vêem a pornografia como uma forma de entretenimento inofensiva, há cada vez mais vozes a alertar para os efeitos negativos que ela pode ter na saúde mental, especialmente nas gerações mais jovens.

Um dos efeitos mais preocupantes é o vício em pornografia. Como em qualquer outra forma de vício, os utilizadores podem sentir a necessidade de consumir pornografia de forma compulsiva, mesmo quando isso começa a interferir com outros aspetos da vida, como o trabalho, as relações pessoais ou a saúde mental. Frequentemente, os viciados em pornografia relatam diminuição da libido, dificuldades em manter relações interpessoais saudáveis e problemas de ansiedade e depressão.

Parte do problema parece estar relacionado com a natureza específica da pornografia. Ao contrário do sexo real, a pornografia é uma forma artificial e muitas vezes distorcida de estimulação sexual. Os vídeos são frequentemente manipulados digitalmente, as imagens são retocadas e os atores seguem roteiros que não têm nenhuma relação com a vida real. Além disso, a maioria dos vídeos pornográficos mostra uma visão bastante limitada da sexualidade, centrada no prazer do homem e na objetificação da mulher.

Tudo isso pode levar a uma conceção distorcida da sexualidade e a comportamentos sexuais problemáticos. Muitos viciados em pornografia, por exemplo, têm dificuldades em manter uma ereção durante o sexo real, porque o seu cérebro habituou-se a uma estimulação sexual extremamente intensa e ficou desensibilizado. Outros podem tornar-se cada vez mais exigentes em termos de conteúdo pornográfico, recorrendo a fantasias cada vez mais extremas para ter o mesmo nível de excitação.

Para muitos jovens que crescem na era digital, a pornografia é uma parte normal do seu cotidiano. De acordo com um estudo realizado em 2016, 93% dos jovens entre os 14 e os 24 anos tinham visto pornografia pelo menos uma vez na vida. Isso pode levar a uma normalização da pornografia como uma parte inofensiva da vida sexual, o que por sua vez pode contribuir para a criação de uma geração de viciados em pornografia.

Dois termos comuns na linguagem pornográfica tornaram-se especialmente preocupantes nos últimos anos: nifetinha favorito e x vídeos. Nifetinha favorito refere-se a vídeos pornográficos com mulheres muito jovens, muitas vezes menores de idade, enquanto x vídeos é uma plataforma online onde se pode encontrar uma enorme variedade de conteúdo pornográfico. Ambos os termos são frequentemente usados em pesquisas por jovens que procuram pornografia na internet.

A preocupação com estes termos tem a ver com a forma como eles podem estar a influenciar a forma como os jovens veem a sexualidade e as relações interpessoais. Ao procurar vídeos com nifetinhas, os jovens podem estar a perpetuar a ideia de que as mulheres devem ser jovens, inexperientes e submissas, o que pode ter efeitos negativos na forma como eles veem as suas parceiras na vida real. Por outro lado, ao consumir pornografia de forma compulsiva no x vídeos, os jovens podem estar a contribuir para a normalização do vício em pornografia.

Apesar dos efeitos negativos, a pornografia continua a ser uma indústria lucrativa, que movimenta milhões de dólares por ano. Como tal, é pouco provável que ela vá desaparecer completamente. No entanto, é importante que se comece a falar mais abertamente sobre os efeitos que ela pode ter na saúde mental e que sejam criados mais recursos para ajudar aqueles que foram afetados pelo vício em pornografia. Além disso, é importante que se comece a promover uma visão mais saudável e realista da sexualidade, que não se limite à visão distorcida que é oferecida pela maioria dos vídeos pornográficos.